No post anterior sobre fundação, as sapatas e os pescoços foram concretados e aterrados, agora inicia-se o baldrame e o re-aterro.
Costuma-se chamar de 'reaterro', pois ao desenformar o baldrame, aterra-se seu interior para se iniciar a concretagem do contrapiso. Em fundações que dispensam sapatas obviamente ela (a fundação) se inicia diretamente pelo baldrame e apenas seu aterro interno é necessário.
Antes, quero dar mais um "tapa" nos materiais derivados do cimento.
Como eu disse no primeiro post sobre fundação, o concreto assim como a argamassa (tanto de assetamento quanto de revestimento) são produtos derivados do cimento, ou seja, ao ser feito a sua mistura, um processo químico é iniciado que leva a cura do material.
Então é fundamental que se entenda que o cimento não "seca" e sim cura.
Esses produtos fluidos tem um processo de cura que depende do tipo de cimento (AC3, AC5, etc) e não pode ser interrompido nem adiado (a não ser por meio de aditivos químicos adicionados a mistura no momento em que ela é feita), é por isso que essa conversa de "no outro dia eu ponho mais água dou uma misturada e uso" é balela.
Esse 'remistura' é como esfarelar um pão francês, misturar água e achar que quando ele secar será o mesmo.
No caso dos derivados de cimento isso gera perda de resistência e desperdício de material.
Mas o interessante é que, quanto mais o cimento demorar a perder água, mais resistente será seu subproduto, por isso que é importante manter lajes, contrapisos e se possível colunas e vigas constantemente úmidas até sua cura total.
O sal é outro inimigo do cimento, mas na prática, ninguém manda fazer um ensaio laboratorial sobre a composição da areia.
No fim, apesar de tentarmos controlar a qualidade, é o superdimensionamento que acaba deixando nossas casas em pé por décadas. Por outro lado, o nosso próprio para sempre é bastante curto...
Sobre o aterro das sapatas/pescoços monta-se o madeiramento dos baldrames.
As ferragens são colocadas em seu interior e amarradas.
Nesta etapa é conveniente que se passem os canos de esgoto para evitar que se tenha que quebrar algo ou cavar depois, o que é bastante estúpido mas corriqueiro entre os pedreiros.
Baldrame concretado.
Lembre-se que nenhum ferro pode estar exposto!
Nas ferragens dos baldrames é conveniente deixar uns "pilotos" para fora de modo a poder se fazer a amarração do seu calçamento ao redor da casa.
O concreto não "gruda" corretamente depois de sua cura e fatalmente o calçamento vai começar a se descolar da casa causando trincas.
O mesmo vale se você vai construir uma casa pequena com previsões de ampliação. Planeje as ampliações antes para que você possa deixar as amarrações disponíveis e também para que não fique parecendo o famoso 'puxadinho'.
Para que se faça emendas em concreto, alguns procedimentos devem ser feitos como ancoragens, raspagens da nata antiga, adesivagem estrutural, e outros.
Baldrames desenformados com o pescoço saindo para a amarração das colunas.
O desperdício com madeiramento é enorme em construções de alvenaria convencional, mas se você tratar bem essas madeiras, apesar de frágeis elas podem ser úteis para uma variedade de coisas posteriormente. Um pequeno tratamento inicial e um desenformante podem ser pequenos gastos adicionais que geram grandes economias futuras.
Prateleiras, forros, casinhas pros bichos e até mesmo pequenos móveis rústicos podem ser feitos com elas!
Baldrame capeado - revestido com no mínimo duas demãos de Neutrol ou semelhante.
Reaterro realizado, camada de brita colocada, malha pop instalada e iniciado o contrapiso.
Após o enchimento do interior do baldrame, alguns utilizam lona plástica entre o aterro e o contrapiso para melhorar a impermeabilização.
O problema é que em geral se usam lonas de péssima qualidade (dessas comuns em lojas de material de construção conhecidas como "lona preta") e aí nada é a mesma coisa, pois esse filme plástico se esfarela em pouco tempo.
Ou usa-se uma lona de alta qualidade (EPDM) ou opta-se por cimentos impermeáveis (esse do tipo Vedajá ou equivalente) em no mínimo duas demãos cruzadas entre o contra-piso e a argamassa regularizadora (que vai logo abaixo do piso).
Não deixe de usar uma malha pop (uma malha de aço dentro do concreto) nos pisos (principalmente na garagem). Isso vai te evitar uma série de dores de cabeça futuras.
A fase da fundação é aparentemente lenta porque se vê pouco resultado, mas é de suma importância.
Nessa fase se gasta uma boa quantidade de grana, praticamente metade de toda a parte básica (construção crua inclusive sem reboque).
Se pescoços ou outras ferragens piloto forem deixadas expostas por muito tempo, proteja-as das intempéries.
No caso do sistema de sapata/baldrame, sendo observado os tempos de cura mínimo e dentro de tamanhos comuns (até uns 300m²), algo em torno de 1 mês (tempo relativo a uma quantidade proporcional de homens/área evidentemente) se perde nesta etapa.
Muito importante divulgar sobre estes processos de ipermeabilização pois alguns pedreiros "pulam" esta parte e depois temos mofo e umidade por todo rodapé e descascados na parede
ResponderExcluirPois é, é bom estar de olho em tudo. Obrigado por comentar.
Excluirbeleza otima informacao, vamos a proxima parte!!!
ResponderExcluirLegal, vamos que vamos!
ExcluirOlá! gostei muito dos detalhes do seu blog ... mas gostei ainda mais dos baldrames :)
ResponderExcluirÉ impressão minha ou você fez todo de concreto? Na minha obra foi feito o baldrame e agora para atingir a altura do reaterro estão colocando 3 ou 4 fileiras de tijolinho ... é isso mesmo? A massa do tijolinho está sendo feita com vedacit mistuado e depois de seco ainda vai ser rebocado com impermeabilizante... É isso mesmo?
Obrigada
Débora
(tempodeconstruir2014.blogspot.com)
Fiz de concreto pois os pescoços sobre as sapatas tinham comprimento adequado para fazer o baldrame sobre eles. Quando não se faz sapatas costuma-se subir com blocos mesmo. Tudo o que estiver em contato com o aterro ou reaterro deve ser capeado, ou seja, impermeabilizado.
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