DIY é mais do que estimular o cérebro, é também uma forma de ser contra o sistema corporativo/industrial e também monetarista.
Podemos trocar experiências, conhecimentos e até mesmo o produto final.

Na construção a coisa é sem mimimi e momomo, o papo é rústico e reto! :oD

Sai da cidade grande em nome de um dia a dia mais salubre e para construir minha casa com uma boa oficina, e nela poder fazer minhas estrapizongas mais livremente, o resto é história...

sábado, 10 de maio de 2014

Construindo minha casa - Planta e material / Parte 3 de 3

Antes de mais nada vou salientar que NÃO EXISTE essa conversa de "planejei gastar X e gastei Y". Como as construturas estariam gigantes (estou excluindo as propinas, negociatas, etc)?
Lembre-se, planejou e projetou, siga a risca o plano original. Estimou gastar entre R$ 22,00 e R$ 25,00 no m² do piso para tal lugar, NÃO saia disso!
O capitalismo fundamentalista atual é mestre em te convencer a comprar coisas que você NÃO PRECISA.

Como eu num post anterior, optei pelo plano B.

Meu plano A era uma casa térrea em estilo influenciado pela arquitetura japonesa tradicional, ou seja, bem grosseiramente falando, grandes espaços abertos para um jardim central.
Isso só seria possível em lotes de no mínimo 400m².




Meu plano B foi mais conservador e também mais econômico, além do mais, ser coxinha foi o preço pago para aprender e gastar menos.

Optei por um sobrado por poder deixar mais espaço livre no terreno (eu queria 500m² mas consegui 'apenas' 300m²) e assim manter agradáveis distâncias dos vizinhos e poder planejar expansões sem ficar parecendo puxadinho de cortiço.

Peguei as medidas do apartamento onde morava e o utilizei como referência.

Área de serviço e cozinha estavam ok. Banheiro principal poderia aumentar um pouco. Sala de estar estava ok. Minha hidro dupla (sim, como eu disse, alguns luxos não estouram seu orçamento se vc economizar em outras coisas) ficaria na sacada da suíte para que ela fosse uma área de banho também. Meu escritório ficaria separado do quarto adicional (no ap eu usava um quarto para trabalhar mas na casa queria uma área específica para deixar o quarto pra hóspedes).

Outras considerações que foram importantes para mim: iluminação e ventilação.

Praticamente toda a casa tem aberturas para frente e para trás garantindo ótima ventilação (chamada cruzada) e privacidade (atrás e na frente existem grandes distâncias devido à obrigatoriedade dos recuos mínimos, além do mais, na minha frente tem uma praça enorme e atrás uma casa de temporada que quase nunca tem ninguém). 

Em baixo quase tudo é aberto, estar, jantar, cozinha e escada. Isso é econômico e extremamente agradável. É como se tudo fosse grande! Outra coisa que gosto é manter a cozinha à vista. Sempre quem tá cozinhando fica segregado do pessoal quando se faz uma reunião, e eu gosto de fazer uns rangos de vez em quando.

Em cima a suíte (muito pensada para aproveitar nossos móveis que são de madeira maciça e a cama um pouco fora dos padrões por causa da minha altura: 2,30mX1,60m). A sacada protege do sol da tarde e serve de sala de banho, pois a hidro dupla fica nela. Acho sacada uma coisa meio idiota (apesar de "embelezar a fachada"), então fiz com que ela fosse conversível pra área de banho.

Dos lados mantive recuos maiores que o obrigatório. Do lado "menos habitado" (onde tem garagem em baixo e quarto de hóspedes em cima fica a um metro do vizinho e sem aberturas. No outro lado (onde teria a cozinha em baixo e a nossa suíte em cima) fico há 2 metros do vizinho (digo, do limite do terreno).


Clicando na figura ela aumenta. Está com umas obs que havia mandado pro arquiteto.

A lateral com recuo de 2 metros e a cozinha sem a janela para a parte de trás foi pensando na ampliação futura que eu queria fazer: uma oficina com área de churrasco entre a cozinha e ela, sempre obedecendo o código de obras.
Mas essa parte fica para mais tarde.

A casa ficou retona e sem as "intervenções arquitetônicas". Ok, meio sem graça, mas era o que eu queria.
O "alugador de CREA" era um nabo e quase nada fez, e eu estava no esquema de quanto menos gastar melhor, fora isso, eu já disse anteriormente que aqui é papo de ogro. 

Assim eu distribui a casa e as expansões futuras no terreno:




Tudo simples, (quase) básico, confortável e dentro da lei. 

O poste padrão de energia elétrica, a entrada de água e a saída de esgoto estão indicados pelo pentágono no canto inferior direito.
Como tudo, não é ao acaso.
A maior parte da hidráulica da casa está desse lado, incluindo a caixa d'água que está acima do banheiro da suíte.
O quadro de distribuição elétrica está bem próximo também (na estrela de 4 pontas).
Pelo poste padrão entraria o fio de telefone, que já estava previsto de ter uma tubulação própria e caixa de distribuição próxima ao quadro de distribuição elétrica.

Não importa se for uma mansão, loft ou kitnet, se antecipe e planeje.

Piscina é uma outra conversa.
Em geral, o que vemos por aqui são aquelas piscinas grudadas na casa ou nos muros. Sinceramente é horrível. Parece um poço. Quer uma piscina faça direito pensando que o em torno é importante também.
Mas isso ainda é futuro...

Tendo o croqui fui até o arquiteto conversar.
O "alugador de CREA", vulgo arquiteto, cobrou uns R$ 4000,00 pra fazer o projeto e tirar todas as documentações e alvarás junto à prefeitura.
Como fechei com a mão-de-obra dele, o custo foi incluso no pacote.

O custo do projeto junto aos "alugadores de CREA" é algo entre R$ 20,00 e R$ 30,00/m² para construções de padrão médio e as taxas junto à prefeitura algo em torno de R$ 400,00.
Dependendo do tamanho da construção, a própria prefeitura tem pessoal para legalizar gratuitamente a planta. Se informe.


Pra fechar a construção com a construtora do arquiteto, a média de custo é de R$ 300,00 a R$ 400,00/m² sem incluir a matéria prima.
Em geral, com um bom mestre de obras, a média fica entre R$ 200,00 e R$ 250,00/m².


A diferença de custo se dá por... ahmmm.... bem, por absolutamente nada.
Apesar de incluir as taxas de ART e supostamente te livrar de toda a atenção e estresse (papo furado, você terá que estar por perto de qualquer jeito se não quiser ter problemas), o custo mais elevado não vale a pena.

Porque eu fechei com o arquiteto?
Bem, como se diz no popular, porque amarelei.
Como o "alugador de CREA" fez um preço muito bom, R$ 130,00/m² para a parte básica (toda a construção sem acabamento e com hidráulica) e R$ 115,00/m² para o acabamento (reboque, assentamento de pisos e revestimentos, telhado, calçamento ao redor da construção, preparação do muro da frente para os portões e umas outras coisinhas) acabei sendo "seduzido".


Falar que contratou um arquiteto e uma construtora parece chique, mas a não ser que você seja milionário (a pior desgraça é ser um classe média novo rico não querendo parecer que a grana é contada como qualquer outro mortal "aqui em baixo"), você terá que estar absolutamente "em cima" quase da mesma maneira que tivesse contratado sua própria equipe. Deixe-me colocar de outro jeito: se a equipe dele quebrar 200 tijolos em 1000 é só o arquiteto mandar você comprar mais um lote e de quebra pagar mais uma caçamba pra recolher o lixo gerado. Deu pra entender ou preciso desenhar?

No próximo post, sobre a mão-de-obra, escreverei mais sobre os 'porques' do meu arrependimento.


Bom, supondo que você tem mão-de-obra própria, após o projeto estar de acordo com o código de obras local (algumas prefeituras pedem o projeto do sistema de esgoto junto e outras coisas) e pago todas as taxas (nos sites das prefeituras pode se levantar tudo) sai a aprovação e o alvará da obra. Demora em torno de 1 mês.

Dependendo da prefeitura costuma-se ter um prazo de até 1 ano prorrogável por mais um para se concluir a obra (residencial médio), depois disso tem que se pagar umas bagaças de novo, claro.

Durante a construção é necessário ter a ART (anotação de responsabilidade técnica) com inspeções semanais se eu não me engano. Caso não se feche negócio da obra toda com o "alugador de CREA", ele poderá fazer o serviço de vistoria separadamente, cobrando uma taxa para fazer a ART em torno de um salário mínimo por mês.

Na maioria das cidades pequenas costuma-se ignorar a ART, mas depois, para se tirar o habite-se, um laudo é exigido junto com a caderneta da obra e a economia talvez vá por água a baixo. Quando o "alugador de CREA" é pago, ele inclui o laudo no custo, ou do pacote da construção ou no conjunto das mensalidades da ART.

Mesmo com grana curta faça a coisa certa e não fique na mão de meliantes travestidos de fiscais. É mais tranquilo e ético.

No próximo emocionante capítulo: "Pedreiros você ainda terá problemas com um!"

2 comentários:

  1. Começa logo postar fotinhas,amooo fotinhas quero te acompanhar,tambem adoro informações vc esta de parabéns

    ResponderExcluir