DIY é mais do que estimular o cérebro, é também uma forma de ser contra o sistema corporativo/industrial e também monetarista.
Podemos trocar experiências, conhecimentos e até mesmo o produto final.

Na construção a coisa é sem mimimi e momomo, o papo é rústico e reto! :oD

Sai da cidade grande em nome de um dia a dia mais salubre e para construir minha casa com uma boa oficina, e nela poder fazer minhas estrapizongas mais livremente, o resto é história...

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Construindo minha casa - Mão-de-obra e início

Na verdade, esse não é um assunto espinhoso.
O problema é que ele é vinculado a uma série de problemas sócio-culturais, como preconceito, oportunismos, desqualificação humana, exploração pseudo-justificada, etc.

Quando estava com o projeto em aprovação na prefeitura, me preparei para 'tocar a o obra', eu mesmo, possivelmente até metendo a 'mão na massa'.
Como todos temos que  ter um sistema de esgoto, água e energia elétrica, achei óbvio que isso deveria ser providenciado como pré-requisito.

Desconsiderando a tradicional ajuda dos vizinhos (que apesar de bem vinda e ser uma boa prática e um bom sinal de convivência, ficamos à mercê de um terceiro e corremos o risco de trazer certo amargor a um futuro relacionamento saudável de vizinhança), vamos a alguns fatos que deveriam ser lógicos:

  • A água, além de matéria-prima elementar na construção, em especial no sistema convencional construtivo, traz conforto e bem estar aos prestadores de serviço, portanto foi logo de cara requisitado junto à concessionária local (que te dá todos os requisitos inclusive uma panfleto bem detalhado para que a ligação seja feita).
  • A energia elétrica traz praticidade por fornecer iluminação em horários ou dias de pouca iluminação, uso de ferramentas elétricas que possam substituir a força manual e para que os prestadores de serviço possam esquentar suas refeições, e caso desejado, algum lanche adicional. Foi a minha segunda providência, mesmo sabendo que para a ligação ser feita num canteiro de obra exigir ART. Bom essa é a minha 'área nativa' mas, assim como muitos amigos meus, nunca tirei CREA. 
    Fiz o projeto e solicitei a um grande amigo que é reitor numa famosa Faculdade de engenharia a 'carimbar' a bagaça.
    Pasmem, o custo junto ao CREA foi algo em torno de R$ 30,00.
    Pra quem precisar e não puder fazer, é possível conseguir bons preços de projeto básico de ligação em canteiro de obra com os próprios fornecedores de poste padrão.
    Após a obra estar "acima do chão" a concessionária é obrigada a ligar a energia elétrica, mas é conveniente que se possa usufruir dessa benfeitoria logo de início.
  • A ligação no ramal de esgoto (ou fossa séptica em algumas localidades) deverá ser feita de qualquer jeito, então por que não adiantar essa parte e instalar um banheiro salubre na obra?

Bom, enfatizei o termo prestador de serviço, pois apesar de inúmeros adjetivos nada simpáticos dirigidos aos dito cujos, devemos lembrar que quase sempre eles são pessimamente tratados por todos os contratantes, até mesmo de maneira desumana.

Ignora-se propositalmente aonde e como eles se alimentarão, quais as condições de saneamento básico durante o seu dia de trabalho e se de fato, o valor pago seja minimamente digno.

É fácil falar em roubo, sujeira e outras coisas, confortavelmente tendo a bunda num sofá e relegando os contratados a condições quase que de semi-escravidão com a desculpa, entre outras, de que "é o mercado".

Como eu disse em um post anterior, por ser minha única casa, a primeira construção da minha vida e achando que eu não me preocuparia com o andar da obra, acabei 'amarelando' e contratando a empreiteira do próprio arquiteto.

Uma idiotice sem tamanho.
Só não foi maior porque de fato eu estava na obra quase que diariamente e as matérias-primas eu cotava e negociava pessoalmente.

O arquiteto fez o tradicional na construção classe-méRdia, que é deixar os caras comerem comida fria, sem banheiro e por aí vai, mesmo eu tendo deixado os meus supostos pré-requisitos lógicos disponibilizados.

Como obviamente ele pagava menos do que eu planejava pagar (e ainda riu e mim quando eu disse quanto tinha planejado pagar por dia a pedreiros e ajudantes), a rotatividade era grande, a motivação pequena e o desperdício enorme.

O pior é que sendo você o 'proprietário' e não o chefe, a ordem é meio que ignorada, o que seria diferente se a equipe fosse contratada diretamente por mim.
Isso só melhorou quando eles notaram meu conhecimento, iniciativa em desempenhar certas tarefas e principalmente, tratá-los com o mínimo de humanidade.

Com relação a furto, acho mais provável que você seja furtado pelo arquiteto (que ganha comissão de lojas de material de construção, não repassa descontos conseguidos, etc) do  que pelos pedreiros.
Obviamente que não se deve facilitar e ser tonto a ponto de deixar coisas caras como metais  (aliás, injustificavelmente caros) num galpão num canteiro de obra.

O que realmente causa prejuízo numa obra é o desperdício sistemático, a falta de planejamento nas compras e na execução da obra e a fuga do projeto original.

Devido ao terrível nível educacional que estamos cansados de saber, a falta de lógica e planejamento por entre esses prestadores serviço ainda é o padrão.

Se te pedem 1m³ de areia por exemplo, é conveniente que você levante aonde será usada e quais os próximos passos que serão executados, pois provavelmente será mais produtivo e econômico pedir um caminhão (5m³).

Como exemplo de planejamento, observar o quanto tem de disponibilidade de cimento e saber qual a previsão para as próximas semanas pode te evitar atrasos também.

Saber como os pedreiros planejam ligar o cano de água da entrada da caixa talvez te poupe luvas e cotovelos em uma ligação que poderia ser considerada bizarra (a menor distância entre dois pontos para alguns pedreiros não é uma reta).

Questionar por que não se prevê a ligação de esgoto antes de se encher uma laje ou fechar uma parede pode te poupar tempo e dinheiro, e se a técnica construtiva for a alvenaria estrutural isso é fundamental.
Aos poucos vou colocando outras considerações conforme eu lembrar.

Enfim, era uma vez...

... um trerreno que já estava limpo, plano e murado.
Nele se faz as medições da posição aonde a casa ficará (no meu caso, o recuo mínimo é 5 metros da frente do terrno) e, de acordo com a planta, inica-se a marcação com o madeiramento e as linhas de nylon.



Para adiantar, costuma-se montar uns suportes para o pessoal montar as ferragens. Pode-se comprar prontas também, vai da pressa e da diferença de preço que se dispõe a pagar. No meu caso, como o pessoal era do arquiteto, não encareceria nada a mais para mim.



Por padrão prático, costuma-se usar colunas e vigas com 6 ferros de 3/8" com estribos de 5/16" a cada 20cm. No caso de casas terreas, dependendo do projeto e tamanho pode-se usar 4 ferros de 3/8".
Engenharia estrutura à parte, em casas "normais", ninguém faz nenhum cálculo de resistência, e como a prática superdimensiona a estrutura, estamos morando numa boa pela breve eternidade que dura a nossa vida.

Mas estudar e pesquisar nunca é demais.
Se a obra for grande, o superdimensionamento impacta muito no preço final e os riscos aumentam consideravelmente. A não ser que se cotrate engenheiros como Sérgio Naya, pois nesse caso é melhor você mesmo dimensionar a estrutura.

No meu terreno, onde a base estável estava a 1,40m, optou-se por usar sapatas sob baldrames. A coisa tá extensa, no próximo post detalharei mais essa parte de fundação.





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