DIY é mais do que estimular o cérebro, é também uma forma de ser contra o sistema corporativo/industrial e também monetarista.
Podemos trocar experiências, conhecimentos e até mesmo o produto final.

Na construção a coisa é sem mimimi e momomo, o papo é rústico e reto! :oD

Sai da cidade grande em nome de um dia a dia mais salubre e para construir minha casa com uma boa oficina, e nela poder fazer minhas estrapizongas mais livremente, o resto é história...

domingo, 25 de maio de 2014

Não recomendo: tomadas e interruptores Alumbra Inova

Nova interrupção da sequência "Construindo a minha casa" para um intervalo não comercial...


Tomadas, interruptores e demais pequenas peças da parte elétrica da casa tem custo reduzido individualmente, mas como atualmente usamos muitos, o impacto na planilha de custos deve ser considerado.

Usei a linha Inova da Alumbra.
Preço mediano e boa aparência.

Uma porcaria.
Em qualquer caixa que exija um pouco mais de pressão nos cabos (em muitas situações passam diversos cabos numa caixa e em outras tantas queremos enrolar uma sobra deles para qualquer problema futuro) os espelhos soltam.
Aí você empurra para encaixar de novo e em três ou quatro vezes que fizer isso o tal "encaixe inteligente" espana.




Observações fixas dos posts com marcadores "NÃO RECOMENDO!": 

  1. Trabalho em desenvolvimento de hardware e software há décadas e portanto, acostumado a lidar com requisitos e normas técnicas, além do mais, leio até caixa de pasta de dente, portanto, alegar que é um problema meu no mínimo é leviandade.
  2. Devemos lembrar sempre que um produto que atende aos requisitos técnicos e éticos não merecem elogios pois são obrigações dos fabricantes e nós pagamos por isso.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Construindo minha casa - Fundação / Parte 1 de 2

No último post dei 'um tapa' em relação à mão-de-obra e a demarcação do terreno.
Se o terreno for isolado de outras construções é provável que se precise requisitar um técnico da prefeitura ou mais provavelmente de um topógrafo.

Com o tradicional barracão feito para guardar os materiais secos (cuidado com o cimento!), ter espaço para o pessoal trocar de roupa e uma área separada para suas "necessidades", é mãos à obra.
Lembre-se que vc pode prever aproveitar as telhas, madeiramento e até mesmo o vaso sanitário do barracão. Planejamento é tudo.

No post anterior você viu as tabeiras e marcações, após elas estarem conferidas iniciasse as escavações para a concretagem das sapatas.
Tanto para a alvenaria tradicional quanto para a estrutural a fundação com baldrame ou sapata/baldrame costuma ser a mesma e os tipos de fundações mais comuns. Apenas para o steel framing ou wood framing que se costuma adotar por padrão o radier.

A coisa mais importante nessa fase além da certeza do tipo de fundação necessária (baldrame, sapata/baldrame, estaca ou radier) é a garantia da impermeabilidade da construção.
Independente do uso de concreto usinado ou virado na obra, use um aditivo do tipo Vedacit conforme as especificações do fabricante.

Sapata simples (não é a tipo gaiola).

A quantidade de sapatas para uma obra 'comum' de no máximo dois pavimentos, em geral, é feita pela prática. O próprio arquiteto costuma fazer isso. Nos cantos e a cada 3 metros mais ou menos ou abaixo das colunas.
Com a quantidade de sapatas, dimensões de pescoço e baldrame, pode-se prever com boa exatidão a quantidade de ferros e concreto utilizado (aritimética básica) e com isso todo o material dessa fase.

Sapata concretada no buraco e pescoço sendo preparado para concretagem.

 A medida que o pescoço é preenchido de concreto, aterra-se a sua volta e puxa-se a lata sem fundo para cima.
Essa técnica é bastante prática e funciona bem.

Não se assuste com a água que eventualmente possa aparecer no buraco. O excesso é retirado na mão ou com bomba, além do mais, o concreto (a mistura de cimento, areia, brita e água) é um fluido pesado que ao ser depositado na vala naturalmente retira a água do local (ele desce e a água sobe).

A ferragem deve ficar sempre totalmente embutida no concreto para não oxidar, e costuma-se usar espaçadores plásticos para isso ou simplesmente puxa-se um pouco a malha metálica quando uma parte do concreto for depositada.

Esta é minha obra! Não é um campo após um bombardeio aéreo.
 
Depois de todas as sapatas e seus respectivos pescoços estarem concretados, aterra-se até o nível do baldrame (dependendo da cidade, exige-se uma altura mínima em relação a rua).

Aterro até a altura do baldrame.

NUNCA USE RESTOS DE CONSTRUÇÃO COMO ATERRO!!!

Um caminhão truck (14m³) deve custar em torno de R$ 350,00 e é um gasto essencial para que sua casa não apresente rachaduras ou até mesmo afundamentos.

O concreto virado na obra tem um custo praticamente igual ao usinado (em torno de R$ 250,00/m³), mas o desperdício é maior e a qualidade pode ser inferior.
Se for virar na obra fique de olho nas misturas principalmente quanto ao uso de aditivos. Nada de quantidades "de olho" ou adicionar de qualquer maneira.
Se não conhecer estude e não fique constrangido com os discursos de "eu tenho trocentos anos de experiência", tem gente que faz 20 anos a mesma merda (ops!).

Se pretender ter um jardim ou coisa parecida exija o uso de uma masseira (um local montado com madeirites e tábuas) para virar o concreto e reduzir o desperdício e no futuro não ter um trabalho desgraçado para limpar o terreno na hora de plantar algo.

Uma betoneira grande (400 litros ou mais) pode ser uma boa.


No próximo post o baldrame e o re-aterro.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Não recomendo: metais Lorenzetti

Uma pequena pausa na sequência da construção.

Colocarei posts com marcadores "NÃO RECOMENDO!" para produtos que foram desastrosos comigo.
Julguem da maneira que quiserem.

Os metais Lorenzetti são bonitos e tem preço razoável, mas simplesmente são uma lástima.
Seu corpo não é de metal e sim de plástico, fora isso em pouco tempo descascam e começam a vazar.

Utilizei 5 torneiras da linha Fit e uns 8 acabamentos para registro.

A torneira da cozinha começou a descascar em uns 3 ou 4 meses.




Em resposta a uma reclamação que fiz, o fabricante enviou aquelas respostas prontas que ficam disponíveis para os atendentes dizendo que 'a empresa tem x anos e garante isso e aquilo, etc, etc'.
Era só eu arrancar todas e enviar para assistência técnica "para análise" e colocar umas rolhas no buraco que ficaria.




Observações fixas dos posts com marcadores "NÃO RECOMENDO!": 

  1. Trabalho em desenvolvimento de hardware e software há décadas e portanto, acostumado a lidar com requisitos e normas técnicas, além do mais, leio até caixa de pasta de dente, portanto, alegar que é um problema meu no mínimo é leviandade.
  2. Devemos lembrar sempre que um produto que atende aos requisitos técnicos e éticos não merecem elogios pois são obrigações dos fabricantes e nós pagamos por isso.


quinta-feira, 15 de maio de 2014

Construindo minha casa - Mão-de-obra e início

Na verdade, esse não é um assunto espinhoso.
O problema é que ele é vinculado a uma série de problemas sócio-culturais, como preconceito, oportunismos, desqualificação humana, exploração pseudo-justificada, etc.

Quando estava com o projeto em aprovação na prefeitura, me preparei para 'tocar a o obra', eu mesmo, possivelmente até metendo a 'mão na massa'.
Como todos temos que  ter um sistema de esgoto, água e energia elétrica, achei óbvio que isso deveria ser providenciado como pré-requisito.

Desconsiderando a tradicional ajuda dos vizinhos (que apesar de bem vinda e ser uma boa prática e um bom sinal de convivência, ficamos à mercê de um terceiro e corremos o risco de trazer certo amargor a um futuro relacionamento saudável de vizinhança), vamos a alguns fatos que deveriam ser lógicos:

  • A água, além de matéria-prima elementar na construção, em especial no sistema convencional construtivo, traz conforto e bem estar aos prestadores de serviço, portanto foi logo de cara requisitado junto à concessionária local (que te dá todos os requisitos inclusive uma panfleto bem detalhado para que a ligação seja feita).
  • A energia elétrica traz praticidade por fornecer iluminação em horários ou dias de pouca iluminação, uso de ferramentas elétricas que possam substituir a força manual e para que os prestadores de serviço possam esquentar suas refeições, e caso desejado, algum lanche adicional. Foi a minha segunda providência, mesmo sabendo que para a ligação ser feita num canteiro de obra exigir ART. Bom essa é a minha 'área nativa' mas, assim como muitos amigos meus, nunca tirei CREA. 
    Fiz o projeto e solicitei a um grande amigo que é reitor numa famosa Faculdade de engenharia a 'carimbar' a bagaça.
    Pasmem, o custo junto ao CREA foi algo em torno de R$ 30,00.
    Pra quem precisar e não puder fazer, é possível conseguir bons preços de projeto básico de ligação em canteiro de obra com os próprios fornecedores de poste padrão.
    Após a obra estar "acima do chão" a concessionária é obrigada a ligar a energia elétrica, mas é conveniente que se possa usufruir dessa benfeitoria logo de início.
  • A ligação no ramal de esgoto (ou fossa séptica em algumas localidades) deverá ser feita de qualquer jeito, então por que não adiantar essa parte e instalar um banheiro salubre na obra?

Bom, enfatizei o termo prestador de serviço, pois apesar de inúmeros adjetivos nada simpáticos dirigidos aos dito cujos, devemos lembrar que quase sempre eles são pessimamente tratados por todos os contratantes, até mesmo de maneira desumana.

Ignora-se propositalmente aonde e como eles se alimentarão, quais as condições de saneamento básico durante o seu dia de trabalho e se de fato, o valor pago seja minimamente digno.

É fácil falar em roubo, sujeira e outras coisas, confortavelmente tendo a bunda num sofá e relegando os contratados a condições quase que de semi-escravidão com a desculpa, entre outras, de que "é o mercado".

Como eu disse em um post anterior, por ser minha única casa, a primeira construção da minha vida e achando que eu não me preocuparia com o andar da obra, acabei 'amarelando' e contratando a empreiteira do próprio arquiteto.

Uma idiotice sem tamanho.
Só não foi maior porque de fato eu estava na obra quase que diariamente e as matérias-primas eu cotava e negociava pessoalmente.

O arquiteto fez o tradicional na construção classe-méRdia, que é deixar os caras comerem comida fria, sem banheiro e por aí vai, mesmo eu tendo deixado os meus supostos pré-requisitos lógicos disponibilizados.

Como obviamente ele pagava menos do que eu planejava pagar (e ainda riu e mim quando eu disse quanto tinha planejado pagar por dia a pedreiros e ajudantes), a rotatividade era grande, a motivação pequena e o desperdício enorme.

O pior é que sendo você o 'proprietário' e não o chefe, a ordem é meio que ignorada, o que seria diferente se a equipe fosse contratada diretamente por mim.
Isso só melhorou quando eles notaram meu conhecimento, iniciativa em desempenhar certas tarefas e principalmente, tratá-los com o mínimo de humanidade.

Com relação a furto, acho mais provável que você seja furtado pelo arquiteto (que ganha comissão de lojas de material de construção, não repassa descontos conseguidos, etc) do  que pelos pedreiros.
Obviamente que não se deve facilitar e ser tonto a ponto de deixar coisas caras como metais  (aliás, injustificavelmente caros) num galpão num canteiro de obra.

O que realmente causa prejuízo numa obra é o desperdício sistemático, a falta de planejamento nas compras e na execução da obra e a fuga do projeto original.

Devido ao terrível nível educacional que estamos cansados de saber, a falta de lógica e planejamento por entre esses prestadores serviço ainda é o padrão.

Se te pedem 1m³ de areia por exemplo, é conveniente que você levante aonde será usada e quais os próximos passos que serão executados, pois provavelmente será mais produtivo e econômico pedir um caminhão (5m³).

Como exemplo de planejamento, observar o quanto tem de disponibilidade de cimento e saber qual a previsão para as próximas semanas pode te evitar atrasos também.

Saber como os pedreiros planejam ligar o cano de água da entrada da caixa talvez te poupe luvas e cotovelos em uma ligação que poderia ser considerada bizarra (a menor distância entre dois pontos para alguns pedreiros não é uma reta).

Questionar por que não se prevê a ligação de esgoto antes de se encher uma laje ou fechar uma parede pode te poupar tempo e dinheiro, e se a técnica construtiva for a alvenaria estrutural isso é fundamental.
Aos poucos vou colocando outras considerações conforme eu lembrar.

Enfim, era uma vez...

... um trerreno que já estava limpo, plano e murado.
Nele se faz as medições da posição aonde a casa ficará (no meu caso, o recuo mínimo é 5 metros da frente do terrno) e, de acordo com a planta, inica-se a marcação com o madeiramento e as linhas de nylon.



Para adiantar, costuma-se montar uns suportes para o pessoal montar as ferragens. Pode-se comprar prontas também, vai da pressa e da diferença de preço que se dispõe a pagar. No meu caso, como o pessoal era do arquiteto, não encareceria nada a mais para mim.



Por padrão prático, costuma-se usar colunas e vigas com 6 ferros de 3/8" com estribos de 5/16" a cada 20cm. No caso de casas terreas, dependendo do projeto e tamanho pode-se usar 4 ferros de 3/8".
Engenharia estrutura à parte, em casas "normais", ninguém faz nenhum cálculo de resistência, e como a prática superdimensiona a estrutura, estamos morando numa boa pela breve eternidade que dura a nossa vida.

Mas estudar e pesquisar nunca é demais.
Se a obra for grande, o superdimensionamento impacta muito no preço final e os riscos aumentam consideravelmente. A não ser que se cotrate engenheiros como Sérgio Naya, pois nesse caso é melhor você mesmo dimensionar a estrutura.

No meu terreno, onde a base estável estava a 1,40m, optou-se por usar sapatas sob baldrames. A coisa tá extensa, no próximo post detalharei mais essa parte de fundação.





sábado, 10 de maio de 2014

Construindo minha casa - Planta e material / Parte 3 de 3

Antes de mais nada vou salientar que NÃO EXISTE essa conversa de "planejei gastar X e gastei Y". Como as construturas estariam gigantes (estou excluindo as propinas, negociatas, etc)?
Lembre-se, planejou e projetou, siga a risca o plano original. Estimou gastar entre R$ 22,00 e R$ 25,00 no m² do piso para tal lugar, NÃO saia disso!
O capitalismo fundamentalista atual é mestre em te convencer a comprar coisas que você NÃO PRECISA.

Como eu num post anterior, optei pelo plano B.

Meu plano A era uma casa térrea em estilo influenciado pela arquitetura japonesa tradicional, ou seja, bem grosseiramente falando, grandes espaços abertos para um jardim central.
Isso só seria possível em lotes de no mínimo 400m².




Meu plano B foi mais conservador e também mais econômico, além do mais, ser coxinha foi o preço pago para aprender e gastar menos.

Optei por um sobrado por poder deixar mais espaço livre no terreno (eu queria 500m² mas consegui 'apenas' 300m²) e assim manter agradáveis distâncias dos vizinhos e poder planejar expansões sem ficar parecendo puxadinho de cortiço.

Peguei as medidas do apartamento onde morava e o utilizei como referência.

Área de serviço e cozinha estavam ok. Banheiro principal poderia aumentar um pouco. Sala de estar estava ok. Minha hidro dupla (sim, como eu disse, alguns luxos não estouram seu orçamento se vc economizar em outras coisas) ficaria na sacada da suíte para que ela fosse uma área de banho também. Meu escritório ficaria separado do quarto adicional (no ap eu usava um quarto para trabalhar mas na casa queria uma área específica para deixar o quarto pra hóspedes).

Outras considerações que foram importantes para mim: iluminação e ventilação.

Praticamente toda a casa tem aberturas para frente e para trás garantindo ótima ventilação (chamada cruzada) e privacidade (atrás e na frente existem grandes distâncias devido à obrigatoriedade dos recuos mínimos, além do mais, na minha frente tem uma praça enorme e atrás uma casa de temporada que quase nunca tem ninguém). 

Em baixo quase tudo é aberto, estar, jantar, cozinha e escada. Isso é econômico e extremamente agradável. É como se tudo fosse grande! Outra coisa que gosto é manter a cozinha à vista. Sempre quem tá cozinhando fica segregado do pessoal quando se faz uma reunião, e eu gosto de fazer uns rangos de vez em quando.

Em cima a suíte (muito pensada para aproveitar nossos móveis que são de madeira maciça e a cama um pouco fora dos padrões por causa da minha altura: 2,30mX1,60m). A sacada protege do sol da tarde e serve de sala de banho, pois a hidro dupla fica nela. Acho sacada uma coisa meio idiota (apesar de "embelezar a fachada"), então fiz com que ela fosse conversível pra área de banho.

Dos lados mantive recuos maiores que o obrigatório. Do lado "menos habitado" (onde tem garagem em baixo e quarto de hóspedes em cima fica a um metro do vizinho e sem aberturas. No outro lado (onde teria a cozinha em baixo e a nossa suíte em cima) fico há 2 metros do vizinho (digo, do limite do terreno).


Clicando na figura ela aumenta. Está com umas obs que havia mandado pro arquiteto.

A lateral com recuo de 2 metros e a cozinha sem a janela para a parte de trás foi pensando na ampliação futura que eu queria fazer: uma oficina com área de churrasco entre a cozinha e ela, sempre obedecendo o código de obras.
Mas essa parte fica para mais tarde.

A casa ficou retona e sem as "intervenções arquitetônicas". Ok, meio sem graça, mas era o que eu queria.
O "alugador de CREA" era um nabo e quase nada fez, e eu estava no esquema de quanto menos gastar melhor, fora isso, eu já disse anteriormente que aqui é papo de ogro. 

Assim eu distribui a casa e as expansões futuras no terreno:




Tudo simples, (quase) básico, confortável e dentro da lei. 

O poste padrão de energia elétrica, a entrada de água e a saída de esgoto estão indicados pelo pentágono no canto inferior direito.
Como tudo, não é ao acaso.
A maior parte da hidráulica da casa está desse lado, incluindo a caixa d'água que está acima do banheiro da suíte.
O quadro de distribuição elétrica está bem próximo também (na estrela de 4 pontas).
Pelo poste padrão entraria o fio de telefone, que já estava previsto de ter uma tubulação própria e caixa de distribuição próxima ao quadro de distribuição elétrica.

Não importa se for uma mansão, loft ou kitnet, se antecipe e planeje.

Piscina é uma outra conversa.
Em geral, o que vemos por aqui são aquelas piscinas grudadas na casa ou nos muros. Sinceramente é horrível. Parece um poço. Quer uma piscina faça direito pensando que o em torno é importante também.
Mas isso ainda é futuro...

Tendo o croqui fui até o arquiteto conversar.
O "alugador de CREA", vulgo arquiteto, cobrou uns R$ 4000,00 pra fazer o projeto e tirar todas as documentações e alvarás junto à prefeitura.
Como fechei com a mão-de-obra dele, o custo foi incluso no pacote.

O custo do projeto junto aos "alugadores de CREA" é algo entre R$ 20,00 e R$ 30,00/m² para construções de padrão médio e as taxas junto à prefeitura algo em torno de R$ 400,00.
Dependendo do tamanho da construção, a própria prefeitura tem pessoal para legalizar gratuitamente a planta. Se informe.


Pra fechar a construção com a construtora do arquiteto, a média de custo é de R$ 300,00 a R$ 400,00/m² sem incluir a matéria prima.
Em geral, com um bom mestre de obras, a média fica entre R$ 200,00 e R$ 250,00/m².


A diferença de custo se dá por... ahmmm.... bem, por absolutamente nada.
Apesar de incluir as taxas de ART e supostamente te livrar de toda a atenção e estresse (papo furado, você terá que estar por perto de qualquer jeito se não quiser ter problemas), o custo mais elevado não vale a pena.

Porque eu fechei com o arquiteto?
Bem, como se diz no popular, porque amarelei.
Como o "alugador de CREA" fez um preço muito bom, R$ 130,00/m² para a parte básica (toda a construção sem acabamento e com hidráulica) e R$ 115,00/m² para o acabamento (reboque, assentamento de pisos e revestimentos, telhado, calçamento ao redor da construção, preparação do muro da frente para os portões e umas outras coisinhas) acabei sendo "seduzido".


Falar que contratou um arquiteto e uma construtora parece chique, mas a não ser que você seja milionário (a pior desgraça é ser um classe média novo rico não querendo parecer que a grana é contada como qualquer outro mortal "aqui em baixo"), você terá que estar absolutamente "em cima" quase da mesma maneira que tivesse contratado sua própria equipe. Deixe-me colocar de outro jeito: se a equipe dele quebrar 200 tijolos em 1000 é só o arquiteto mandar você comprar mais um lote e de quebra pagar mais uma caçamba pra recolher o lixo gerado. Deu pra entender ou preciso desenhar?

No próximo post, sobre a mão-de-obra, escreverei mais sobre os 'porques' do meu arrependimento.


Bom, supondo que você tem mão-de-obra própria, após o projeto estar de acordo com o código de obras local (algumas prefeituras pedem o projeto do sistema de esgoto junto e outras coisas) e pago todas as taxas (nos sites das prefeituras pode se levantar tudo) sai a aprovação e o alvará da obra. Demora em torno de 1 mês.

Dependendo da prefeitura costuma-se ter um prazo de até 1 ano prorrogável por mais um para se concluir a obra (residencial médio), depois disso tem que se pagar umas bagaças de novo, claro.

Durante a construção é necessário ter a ART (anotação de responsabilidade técnica) com inspeções semanais se eu não me engano. Caso não se feche negócio da obra toda com o "alugador de CREA", ele poderá fazer o serviço de vistoria separadamente, cobrando uma taxa para fazer a ART em torno de um salário mínimo por mês.

Na maioria das cidades pequenas costuma-se ignorar a ART, mas depois, para se tirar o habite-se, um laudo é exigido junto com a caderneta da obra e a economia talvez vá por água a baixo. Quando o "alugador de CREA" é pago, ele inclui o laudo no custo, ou do pacote da construção ou no conjunto das mensalidades da ART.

Mesmo com grana curta faça a coisa certa e não fique na mão de meliantes travestidos de fiscais. É mais tranquilo e ético.

No próximo emocionante capítulo: "Pedreiros você ainda terá problemas com um!"

domingo, 4 de maio de 2014

Construindo minha casa - Planta e material / Parte 2 de 3

O seu croqui ou esboço da planta pode ser bem feito e bastante próximo do projeto final, e não é necessário ser arquiteto para fazê-lo.
O arquiteto (o bom arquiteto) deve te propor soluções interessantes para as suas necessidade, mas supondo que, assim como eu estava, você esteja com a grana meio contada e acabe pegando um "alugador de CREA" (esses arquitetos meia-boca que inundam o país), então pense em algumas coisas básicas.

Primeiramente eu diria para não inventar firulas, como eu já disse anteriormente queremos morar bem e gastar o mínimo possível e não aparecer na Caras. Como você vai ver mais adiante, é possível ter alguns "luxos" mesmo sendo mão-de-vaca.

O "não inventar firulas" seria:
  • Nada de paredes curvas, casa cheia de recortes (a não ser em casos estritamente necessários) e demais bichices arquitetônicas.
  • Procure evitar grandes vãos livres e lajes em balanço (o custo das colunas e vigas faz a obra ir às alturas). Pense em lajes com no máximo 5 metros de vão livre.
  • Procure fazer parede sobre parede no caso de sobrados.
  • Procure manter tudo com parte hidráulica num mesmo lado da casa e quando for um sobrado, banheiro sobre banheiro ou sobre lavabo e assim por diante.
  • Faça aberturas (portas e janelas) com medidas padrão. Sendo mais fácil de achar é mais fácil de "garimpar"!
Do resto, eu faria umas observações genéricas:
  • Não pense duas vezes antes de NÃO gastar! Se você puder economizar R$ 10,00 em algo o faça! Em construção, cada centavo é importante pois são eles que em grande parte farão a diferença no total gasto. Imagine economizar R$ 2,00 num saco de cimento, parece pouco, mas em 500 unidades (parece muito mas não é) já serão R$ 1000,00!
  • Não seja idiota de manter essa "pãodurisse" em coisas importantes! Por exemplo: uma tinta vagabunda como a Coral (experimentei a linha toda e só recomendaria o esmalte sintético) fará você gastar muito mais material e com mão-de-obra. Mais demãos, repintura em menos tempo, etc.
  • Não seja dogmático e crédulo. Essa conversa de "há 20 anos trabalho com isso" não é aval para verdades religiosas. Se pedirem Vedacit pesquise o que é. Essa metonímia (lembra? Marca pelo produto e tal...) usada esconde opções boas e econômicas.
  • Cuidado com as carteiradas. "Sou PhD pela Uniesfincter" e tal. Quando chega-se a esse ponto significa que o discursante não tem mais argumentos.
  • 3x3m ou 5x5m? Pense nos tamanhos em escala real. Use onde você mora como base para qual o espaço você realmente precisa. Se você mora numa caverna desenhe no chão que facilita.
  • Pense que é mais importante a sensação de espaço do que, muitas vezes, ele em si: uma casa de 70m² num terreno de 150m² pode ser muito melhor do que uma casa de 150² num terreno de 180m². O isolamento em relação aos vizinhos te garante ventilação, iluminação e principalmente privacidade! Um apartamento de 1000m² nunca será grande, continua sendo uma construção 'para os outros', que te engaveta numa enorme lápide da onde você nunca terá as estrelas sobre sua cabeça.  Por outro lado, morar nesses guarda-roupas que estão fazendo atualmente só pode ser uma piada.
  • Essa última consideração me leva a lembrar de algo: condomínio fechado é roubada. Esse papo de ficar segregado do mundo tendo a ilusão de segurança, com todo mundo botando o bedelho na tua vida, fazendo medição de pinto (desculpem a expressão: é aquela coisa novo rico da ostentação) e ainda pagando taxas tô fora. O contraponto: http://www.bbc.com/capital/story/20140224-the-joy-of-minimalist-living
  • Vou reforçar: tenha em mãos o código de obras do município! As regras do código de obras te garantem tranquilidade para legalizar tudo e não pagar "café" a nenhum rato fiscalizador. Em geral também te dão normas para uma moradia salubre, com tamanhos mínimos para cada cômodo, aberturas mínimas, etc.
Sobre a última dica, pense no seguinte: se na capital de SP o código de obras fosse respeitado e houvesse um plano gestor público adequado, a situação caótica seria bem menor, e os discursos hipócritas também.
É fácil reclamar de enchentes quando toda a sua casa é impermeabilizada. Além de ilegal isso é imoral! E tem gente que acha que separando latinhas de refrigerante vai salvar o mundo... 

Futuro ou presente?
Apesar de poder ser modificado durante a obra pois não tem necessidade de ser colocado para aprovação no projeto, existem coisas que são interessantes de já serem pensadas nessa hora (lembre-se do seu controle rígido de orçamento):
  • A casa terá tubulação de água quente separada? Isso encarece razoavelmente a obra principalmente  se a unidade central de aquecimento for a gás, pois neste caso as tubulações terão que ser de cobre. A alternativa um pouco mais econômica é o CPVC (os tubos de PVC térmicos) com aquecedores elétricos pontuais, por exemplo somente no banheiro e na cozinha. Pense se realmente você necessitará. Talvez se você morar no sul do país... sou gaúcho, lá em baixo no frio a coisa pega!
  • Aquecimento solar? Tirando casos em que a família é grande ou há piscina aquecida duvido que valha o investimento.
  • Energia eólica ou painel foto voltaico. Bacana, lúdico, cheio de boas intensões, mas também de difícil pagamento. Vamos ser pragmáticos e menos hipócritas.
  • Coletar água pluvial nesses tempos de reservatórios secando pode ser uma boa. Se a família for pequena como a minha (eu, mulher e dois gatos) dificilmente a economia vale a pena, mas se pensarmos que a água é essencial e as coisas parecem caminhar pra uma situação bastante desagradável, o investimento, ou no mínimo a preparação, vale a pena. O projeto do telhado bem como a posição da tubulação de saída da água devem ser estipulados, bem como se você vai reaproveitar a água (bombeá-la para uma caixa d'água separada sobre a casa). Muito do consumo em uma casa é para regar plantas e lavar quintais. De repente guardar a água apenas no chão para esse uso pode ser um meio termo razoável. Eu fiz isso... em parte...
  • O projeto elétrico geralmente não é necessário para aprovar a planta, mas convém fazer um esboço dele. Calma, não é necessário ser um especialista. Essa é minha área "nativa", mais adiante darei uma geral nisso.
  • Casa "inteligente" (automatizada)? Apesar de trabalhar/estudar/brincar com tecnologia desde os anos 80, não acho nada inteligente gastar rios de dinheiro pra ligar a torradeira remotamente do carro quando se está preso no trânsito. Mais inteligente seria você se livrar dessa vida sem tempo. De qualquer modo isso é algo a se pensar logo de início.
  • Tubulação própria para o telefone e dados (internet/ TV a cabo)? Sim, isso é uma boa, ainda mais sabendo que NUNCA um meio sem fio será tão rápido e seguro quanto um com fio.
  • "Caminho" do Sol, ventos predominantes, se falta muita água na região e a qualidade da mesma, índices pluviométricos e temperatura média são outros dados convenientes de se terem "na mão" para o projeto.

No próximo post vou finalizar essa parte e colocar como fiz minha planta e no que pensei.


Fonte da foto: não me lembro mais. Se quiser me processar vá em frente.