O pavimento superior, chega ao fim. Como eu disse antes, todos os cuidados do térreo são válidos na parte de cima.
Por uma economia tola, muita gente não coloca malha na segunda laje pois argumenta que não é uma laje "piso". Acho bobagem, faça da mesma maneira.
Fechando a segunda laje com beiral.
A fachada da minha casa seria reta sem beiral (pelo menos o arquiteto desenhou assim), apesar de ficar sem uma característica definida preferi colocar um beiral.
O beiral protege as paredes das chuvas e, no litoral, da maresia porque desvia os ventos laterais minimizando seus efeitos.
Em sobrados mais do que em casas térreas acho extremamente importante ter um alçapão para a laje. Isso facilita uma série de coisas no futuro e até mesmo durante a obra.
Fiz a abertura no banheiro da suíte, pois além de ser dentro da torre da caixa d'água (que fiz nesse local pois este lado da casa concentra a maioria das instalações hidráulicas), é uma área de não circulação social.
Dessa maneira você mata dois coelhos (chavão ecologicamente incorreto! rs): pode ter acesso à caixa d'água e, com uma portinha na torre da mesma, ter acesso ao telhado.
O telhado tem várias considerações, e claro, se ele será importante para o conjunto arquitetônico da casa.
Pra mim sinceramente pouco importa. Não vivo no telhado e nem me importa o que vejam da rua desde que eu esteja serenamente na minha casa.
O telhado impacta brutalmente no custo final de um obra. Considere isso.
Fiz um telhado escondido com platibandas (a pequena mureta em volta do beiral) para manter a casa no aspecto quadradão que eu queria, facilitar a realização da calha e proteger dos fortes ventos da região (morando aqui há dois anos comprovei que foi uma sábia decisão: tenho uma frente livre por causa de uma enorme praça e tem dia que os ventos são inacreditáveis!).
Apesar de vastas opções, o habitual fica entre as cerâmicas e as de fibrocimento.
Condutividade térmica de telha.
O gráfico de condutividade térmica mostra a mínima diferença na condutividade térmica das telhas cerâmicas e de fibrocimento.
As outras cinco costumam ser usadas em galpões industriais devido ao seu preço e barulho durante as chuvas, especialmente as com chapa metálica.
Na prática, entre as duas escolhas citadas como referência, a diferença térmica na casa é mínima. Acaba sendo uma escolha estética.
O telhado convencional, com telhas cerâmicas, barro ou mesmo de concreto, tem um custo elevado por causa do madeiramento e da mão de obra especializada. Lembrando que a madeira ainda é um artigo em extinção e se você não morar no litoral uma opção seria estrutura em ferro galvanizado.
O telhado com telhas de fibrocimento é simples, barato, seguro e não exige mão de obra especializada. Pode-se optar por calhetões ou telhas onduladas comuns.
No caso de onduladas comuns o mínimo são telhas de 6 mm e o ideal é o amianto.
O amianto é cancerígeno para os trabalhadores que o manuseiam sem proteção adequada porém muito seguro e resistente nos produtos prontos.
Como a indústria é mestre em adequar discursos convenientes, simplesmente passam a vender uma "eco-telha" mais vagabunda e com menos custo na mão-de-obra e divulgam que é uma escolha ecológica, e claro, não abaixam o preço. Viva o capitalismo-fundamentalista!
Baseado nas minhas medidas optei por telhas de amianto de 6 mm em duas águas (a "água" é cada plano de inclinação de um telhado) com grande área de captação.
Telhas de amianto pintadas de branco em duas águas com arremate de cumeeiras cerâmicas.
Calha em alvenaria (massa hidrofugante coberta com 3 camadas cruzadas de cimento plástico ou semelhante. Depois ainda pintei com acrílico emborrachado específico para essa finalidade.)
Por que fiz uma calha com essa dimensão (80 cm de largura)?
Bom, uma ou duas águas, assim como o tamanho da calha foi escolhido calculando todos os custos envolvidos nas opções e respeitando as necessidades técnicas.
Com essa escolha utilizei apenas uma folha de telha no comprimento de cada água, economizando em telhas e em madeiramento, além de ter fácil opção de coleta de água da chuva.
Importante: em calha de alvenaria deve-se lembrar que os dutos de descida em PVC não aderem ao cimento! Muito pedreiro porco faz apenas isso e em pouco tempo a dilatação térmica diferente nesses materiais faz com que o cano destaque do cimento, causando as horríveis manchas escuras nos beirais e paredes.
A união do PVC com o cimento deve ser feita com tela de poliéster e adesivo estrutural epóxi (Compuond por exemplo), depois pode-se prosseguir os tratamentos usuais.
Cerâmica ou fibrocimento, é muito interessante usar subcoberturas de duas camadas, que melhoram muito o desempenho térmico das telhas além de uma segurança a mais no caso de vazamentos. Se você for construir sem laje, isso é indispensável!
Nos telhados de fibrocimento é relativamente fácil colocar depois a subcobertura, mas nos de telha cerâmica não. Como sempre, pense antes de decidir.
Lembre-se de ter um registro de limpeza separado na caixa d'água assim como um ladrão que você visualize a saída de água em caso de problemas, pois de nada adianta um ladrão que joga a água fora e você não vê. Você só irá notar na conta de água...
Madeiras para telhado existem várias opções.
Antigamente se usava muito peróba rosa, uma madeira fantástica mas praticamente inexistente e caríssima. Cuidado, muita madeireira vende qualquer coisa como peróba.
O mais comum hoje são a garapeira e o cambará, e sinceramente, mesmo se você conseguir peróba rosa, ela não é necessária.
Como ambas terão que ser tratadas, eu optei pelo cambará e não me arrependi, aliás fiz uma bancada com ela também.
Em torno de 30% mais barato que a garapeira tem, na prática, a mesma resistência.
Mas tem que ser tratada! Mesmo que com soluções simples como óleo diesel com k-othrine (bem mais barato que as opções "cupim-off" da vida que no fim, são a mesma coisa).
Nos EUA, contrariando os "sábios" pedreiros brasileiros, se usa muito o pinho, que apesar de ser uma madeira mole e um manjar para os cupins, tratada e em uma estrutura bem calculada funciona muito bem, aliás, existem casas inteiras em eucalipto auto-clavado que duram uma eternidade (lembre-se que "eternidade" para nós adultos são poucas décadas).
Em todo projeto de qualquer área, existem muitas lendas e dogmas, algumas associadas a "carteiradas" para sustentá-las. "Eu trabalho há n anos com isso" não me parece um argumento final e absoluto, assim como "eu sou formado pela UniLixo". Sem argumentação consistente nenhuma posição se sustenta...
Revisão em 8/8/14: a caixa d'água é instalada sobre uma cama de madeira e nunca diretamente sobre a laje e entre a tampa dela e a laje da torre ou telhado deve haver espaço suficiente para que você retire a tampa e possa limpá-la e trocar a boia caso seja necessário. Ao menos 1 metro me parece uma distância adequada.