Minha casa foi minha commodity, não no mal sentido (o da exploração, enganação e especulação desenfreada) mas para usar o sistema contra o sistema.
Ela agora será minha plataforma para um projeto mais ambicioso (no sentido de mais humano, mais moralmente correto, enfim, o bem, como os antigos filósofos gregos já o discutiam), o de montar uma comunidade intencional (ou semelhante, mas muita água irá rolar ainda) e deixar um legado ao mundo dos seres vivos, ainda sabendo que isso nada mais é que um grão de areia no universo.
O meu projeto coincide com os meus 50 anos... os 2/3 da vida que se foram e ao último 1/3 (sendo otimista por incrível que pareça), onde devo à sociedade e ao mundo o retorno da minha oportunidade de ser 'eu'.
Somos o fruto de tudo no entorno, das estrelas muito mais massivas que o nosso Sol herdamos quase toda a matéria que compõe nosso corpo e da sociedade que nos rodeia todo o nosso conteúdo.
Somos, como qualquer existencialista facilmente demonstra (vide, por ex, 'O ser e o nada' de Sartre), o resultado de toda a nossa história e com isso, de nossas experiências. Somos um saco vazio na ânsia de sermos preenchidos.
Num mundo praticamente condenado pela calamidade ambiental do qual fomos (como espécie) indiscutivelmente, no mínimo, os aceleradores desse destino cruel, onde já eliminamos quase 50% de todas as outras criaturas viventes e montamos a nossa própria cama para uma hecatombe futura, o mínimo que os bons (no sentido daqueles que pensam que o bem comum enfim é o que deveria ter sido o nosso objetivo sempre) deveriam fazer é se livrar do ego, do apego e da bobajada hereditária em nome de algum futuro que parece não mais existir para a espécie humana e seus "colegas de viagem" (os outros viventes) dessa espaçonave que chamamos de Terra.
Atualmente algo historicamente inédito se aproxima da espécie humana: a conjunção de uma severa crise ambiental, uma enorme crise econômica e uma já bem instaurada crise social (com o coroamento de um poder fascista).
Enfim, minha construção esta aí, para quem quiser arrematar.
O belo, se isso importar a alguém, é que irá financiar algo potencialmente fantástico: o reencontro dos humanos com a vida comunitária e um pequeno pedaço de terra a ser protegido para sabe-se lá quais outras gerações, que, assim espero, um dia olhem para a história e reflitam a insanidade que foi embarcar numa jornada neoliberal de consumismo e individualismo sem se importar com os demais seres vivos e às futuras gerações.
Está aí meu nada, que quero transformar em algo mais belo que apenas a posse desprezível.
Em Peruíbe, há 600m da praia, em bairro nobre e com todos os cuidados de quem fez para si.
Atualização: em novembro de 2019 ela foi arrematada.
Nenhum arrependimento, nem apego.
Trabalho concluído e missão cumprida.
A sanca ficou bem bonita com a fita de LED's e as luminárias tbm de LED.
Projeto e execução (parte elétrica) do Sr Coisa, claro.
A coisa toda é distribuída assim:
Enjoy!
Tudo com projeto aprovado, planta, ART, habitesse, etc, pois não vale arrotar moralidade se vc se corrompe ou é corruptor.
Como disse o prof Leandro Karnal, a corrupção é a salsinha no dente: você só vê a dos outros.
Se eu tenho vergonha?!
Com certeza não. Vergonha deveria ter aquele que habita o mundo apenas e tão somente para sua própria realização e prazer, ignorando solenemente todos os indicativos de que nós não somos NADA sem todos os OUTROS.
Viva e deixe viver.
Que o universo se encarregue de varrer nossas vãs pretensões.